Lembro-me de ter visto pessoas no palco, e pensar assim… ” Porque quero estar la?”. E foi assim que entrei em um espetaculo amador teatral. Escolar, com tantos problemas e erros, mas mesmo assim apesar da censura. Foi as primeiras vezes que estive em um palco. E foi incrivel!
Entrei no ano de 2016, era a 15 edição que a escola estava se propondo a fazer. Logo de inicio me coloquei a fazer as coreografias do inicio das apresentações. Tudo pela primeira vez e foi gratificante.
Mix- Beyoncé- coreografias- poncho em cena 2016
Foi assim que pude ver que minha necessidade de criar coisas desde pequeno poderia ser usado para alguma coisa, o teatro me abraçou e aceitou minhas ideias ! Lembro-me das dificuldades em não saber expressar oque tinha na cabeça, ou a dificuldade em trabalhos em grupos, desde a briga de egos ou a dificuldade em se colocar como um diretor ou ator.
Silvia Calopcita – Apresentadora- Poncho em cena 2016
Uma das grandes oportunidades que tive foi poder explorar alguns personagens. Naquela epoca eu nem sabia que existia uma tecnica que minhas duvidas poderiam ser saciadas. Como um instinto natural tentei fazer oque podia dentro de um teatro aonde todos eram amadores. Foi assim que surgiu alguns dos meus primeiros personagens no teatro.
A cartomante- Poncho em cena 2016
Eramos todos alunos cercados por muitas dificuldades, que apesar da ignorancia em conhecimentos tecnicos artisticos, tentavam fazer oque podiam com o conhecimento que tinham. Eu não poderia culpa-los e nem culpar a mim mesmo pela ignorancia de tecnicas teatrais. Até porque Stanislaviski não é ensinado nas escolas.
PEÇA- DEBATE POLITICO- MICHAEL TEMER
Personagem Infantil
Interpretar Michael Temer na época mais forte de politica e ter uma bancada de professores e diretores que estavam prontos para te xingar e te censurar a qualquer momento era uma tarefa difícil. Sei que causei muita dor de cabeça para a diretora teatral daquela epoca. Até porque ousava coisas que ninguem sabia que existia. Quando o publico quebrava a quarta parede , que naquela epoca nem sabiamos oque era, muitas vezes conseguia resolver o problema, cedendo e trocando interações com a plateia. Justamente para evitar que a mesma comesse os atores vivos.
Isso sempre dava muito medo a nossa diretora, até porque não sabiamos até onde a plateia iria aceitar. Adolescentes escolares são realmente alguns dos piores publicos para se apresentar peças.
A arrogância e a falta de respeito com os atores em cena eram assustadoras. Havia muitos momentos em que eu acabava salvando meus colegas e ao mesmo tempo ficava no assunto da peça. Naturalmente os codicos ja estavam dentro de mim. Mas as condições de explora-las eram as piores.
Lembro-me de ver pessoas que realmente estavam la pelo teatro, colegas que eu via que no fundo compartilhavam a mesma intenção e vocação. Eram poucos mas que viam no teatro um caminho que era para ser seguido. Vi que talvez não conseguiria ficar sem viver toda essa locura, quando estava morando em Florianopolis, e apesar de muitas oportunidades nessa area, não tinha aquelas pessoas e aquele grupo. Que eu sabia que talvez acabasse morrendo como muitos outros. Voltei para a casa pensando.
” Talvez a arte não esta no lugar, o problema não esta em mim. Talvez o problema não seja assim tão grande, apenas eu que me o vejo muito pequeno. ” – Apesar dessa palavra apenas algumas pessoas entenderem, vejo que não a como contestar. Apenas obedeci e fiz oque deveria fazer.
Ensaio logo após eu voltar de viagem. Com a Juh ❤
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