Oque um garoto de letras esta fazendo na cidade das maquinas? Como havia dito antes a dificuldade artistica em RS Panambi sempre foi muito nitida. Havia uma parede de pessoas que comandava oque podia passar para o publico ou não. Infelizmente o Teatro nesta cidade pequena é quase inexistente, só não falo que não existe de fato, porque existe um ou dois professores que tem a permissão desta elite para dar aula. Mas não é nada que realmente possa ser chamado de um teatro com livre expressão artistica. Tudo passa por um filtro conservador, aonde aqueles que não se adequam ao estilo é excluido da face da terra. Ou pelo menos dessa cidade. O fato das pessoas erradas terem o poder aqui faz com que a arte se torne cada vez mais educativa e escassa. É praticamente impossivel viver de arte aqui, no Brasil em si já é dificil, mas nesta pequena cidade é impossivel. Tem que ter contatos e contratos sociais que ninguem diz, mas todos devem fazer. Deve ter um tipo de cor, sexo e comportamento. Acredito eu que a democracia foi instalada de uma forma fake, ou pelo menos esqueceram de avisar esta cidade.
Mas isso não faria com quem a pequena parcela de artistas vivos aqui, não existissem. Alguns talvez morreram frustrados conforme os anos passavam, outros se adequaram ao sistema. Mas definitivamente eles não puderam parar o nascimento de cada vez mais artistas na face da terra. E consequentemente nesta cidade. Pelo menos um deles esta escrevendo esse texto. Já existiu um grupo de teatro aqui, nunca cheguei a conhece-los, talvez um ou outro integrante. Me perguntando a tamanha garra que eles tiveram para manter o tempo que durou. Mas foi extinto. Assim podemos perceber como a arte pode ser destruída com tanta facilidade. Como artistas são uma parcela que luta com todas suas armas por um espaço, que talvez um dia seja destruído pelo governo ou a sociedade. Podemos ver todas essas histórias em contos, poemas, prozas, peças, musicas e etc. Principalmente os feitos na época medieval ou na censura da Ditadura militar.
foto tirada no dia em que fomos falar com a secretaria da cultura
Tudo isto estava vivo em minha mente quando decidi tentar criar um grupo de teatro em Panambi. Eu e meu amigo Henrique (parte das Panteras) decidimos ir atras do ministério da cultura, para talvez ver oque eles teríamos em mente, se talvez abracariam o projeto ou cedessem algum lugar para os ensaios. Nossa expectativa estava lá em cima, todos ja haviam me alertado para não ir pedir ajuda do ” governo” para isto. Principalmente dos órgãos que se dizem cuidar da cultura. Mas eu precisa fazer isto, precisava ver com meus proprios olhos, enfrentar e escutar oque poderia acontecer. O resultado foi frustrante, fomos ignorados, passados adiante, alimentados em uma procrastinação que nunca teria resultado. Enfim não demorou muito para cair minha ficha que ninguem estava ligando para arte, ainda mais de um grupo de pessoas fora do padrão.
Me senti perdido por alguns momentos, tentei não me apegar a idade de ter um grupo, mas sim um teste se poderia acontecer. Eu geralmente levo as coisas da vida como um teste. Lembrei de tantos colegas que haviam feito Poncho em Cena comigo, pensei que talvez alguns deles realmente lutassem por esse objetivo. Tentei entrar em contato com a maioria, de vinte pessoas, seis toparam participar. E de seis, quatro foram mais de uma aula. Mas antes de chegar nesta parte. Vamos voltar um pouco.
Apresentação da peça
Eliani Alessio, a terceira componente das Panteras. Se voce não sabe quem é essa gente, recomendo que leia a outro post aqui do blog. Aonde conta a história das panteras. Enfim, Eliani me surpriendeu ao ceder sua casa para os ensaios. Não eramos tão intimos naquela epoca, havia realmente um interesse maior ali, uma sede de aprendizado pela arte. Ja se colocamos a procurar livros para fazer uma pequena biblioteca na casa da Eli. Estavamos ansiosos pelas pessoas, porque era um projeto que poderia se desenrrolar e dar um impacto muito grande no todo. Tinha como grande admiração o Grupo Máschara que ficava na cidade vizinha. Durante o tempo das aulas, tentavamos relaxar e praticar alguns exercicios de interpretação e memorização. Montamos enquentes, peças curtas, exercicios de improvisação.
Teve um dia em cada pessoa do grupo fez um personagem, decoramos as falas e cada grupo apresentou o resultado. Era um grupo de pessoas que estavam lutando para estarem ali. Enquanto ensaiavam, passavam por problemas monumentais em casa. Como todo grupo de teatro, a maioria não tinha apoio nenhum dos pais para estar ali.
saudades
Dentro da minha mente eu sabia que o grupo seria algo passageiro. E que talvez mais tarde retornaríamos com mais força e conhecimento para abrir realmente uma cede de um grupo teatral. Por isso que quando estávamos escolhendo o nome. Pensamos muito sobre oque seria. Na minha cabeça surgia o nome de uma das filhas ou sacerdotisas de Afrodite, Melissa. Que me remetia a mel. Isso foi o suficiente para caracterizar exatamente oque estavamos passando naquele momento. Um grupo só funcionaria se todos lutassem por ele, se cada um estivesse em seu lugar fazendo o seu trabalho. Eramos todos abelhas operarias tentando fazer mel. Se tornar uma Colmeia seria um dos nossos grandes objetivos. Aonde existiria uma complitude e compromisso com o todo. Talvez isto mais futuramente seria alcançado.
O grupo deixou de ter atividade logo após de ingressarmos na Esmate do Grupo Máschara. Mas eu deixo aqui minha gratidão por todos que foram, e de certa forma lutaram junto para a existência desse grupo. Vejo duas alunas que persistiram e fizeram até o ultimo dia, inclusive foram ver duas peças de teatro com nós, do Grupo Máschara. Juliana e Brenda. Não irei por o sobrenome porque voces tem sobrenomes muito complicados ( risos), Mas adoro vocês com a mesma intensidade. Voces duas tem muito talento para o teatro. Eu sei que é preciso lutar muito para comer e viver nesta sociedade, quem dirá fazer aquilo que nascemos para fazer. Mas gostaria muito que vocês ingressassem na Esmate do Grupo Máschara. E também todos aqueles que estão lendo isso e moram na região. O blog do grupo Máschara esta no ar, e todas as informações voces podem ter lá. Se por acaso não tiverem condições para as mensalidades. Esperem com ansiedade de fazer sua arte acontecer, que um dia estarei tentando novamente dar aulas aqui. Enfim LOVE YOU!
Rita Lee- Hino Dos Malucos
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